Papa: "Pais ausentes deixam graves lacunas nos filhos"
Nesta
quarta-feira, 28, o Papa Francisco encontrou-se com os fiéis na Sala
Paulo VI na audiência geral que concede semanalmente. Retomando o
caminho da catequese sobre a família, o tema abordado nesta ocasião foi
‘o pai’. A passagem bíblica lida – em várias línguas – no início do
encontro, do Evangelho de João, 14,18 (Não vos deixarei órfãos), foi a
base da reflexão de Francisco.
Pai, ontem e hoje
O
Pontífice começou analisando que “esta palavra - pai - possui um
sentido universal e é muito cara aos cristãos, pois Jesus nos ensinou a
chamar assim a Deus e a usava para manifestar a sua relação especial com
Ele”.
Hoje,
porém, sobretudo na cultura ocidental, o conceito de pai parece estar
em crise; a figura do pai está simbolicamente ausente. No início, isso
foi visto como uma libertação do ‘pai-patrão’, autoritário e censor da
felicidade dos filhos. Antigamente, lembrou o Papa, era comum um certo
autoritarismo; muitos pais tratavam seus filhos como escravos e não
respeitavam sua autonomia, exigências pessoais; não os ajudavam a
crescer em liberdade.
“Com
o tempo, isso foi mudando de um extremo para o outro”, prosseguiu
Francisco. O problema hoje não é mais a presença invasiva dos pais, mas a
sua ausência: estão ‘foragidos’, concentrados em si mesmos. Deixam sós
os filhos pequenos, na sensação de orfandade. O Papa revelou que “quando
era Arcebispo de Buenos Aires sentia isso nas crianças e jovens e
perguntava a seus pais se tinham tempo para os filhos, se tinham coragem
e amor suficientes para brincar ou conversar com eles”.
As consequências
“A
ausência do pai é muito nociva às crianças e aos jovens, produz lacunas
e feridas que podem ser muito graves; e sem perspectivas e valores,
eles ficam vazios e propensos a buscarem ídolos que preencham os seus
corações”.
“Mas
também quando estão em casa, muitas vezes não se comportam como pais,
não cumprem o seu papel educativo, não dão a seus filhos, com seu
exemplo, os princípios, valores e regras de vida de que precisam”.
Pais 'deslocados'
Em
certos casos – disse ainda – os pais não sabem bem que lugar ocupam na
família e, na dúvida, se abstêm ou optam por uma relação ‘de igual para
igual’ com os filhos. “É verdade que se deve ser companheiros dos
filhos, mas sem se esquecer que se é pai, né?”.
“Sua
ausência deixa os jovens sem estradas seguras, sem mestres nos quais
confiar. Ficam órfãos de ideais que lhes aqueçam os corações, órfãos de
valores e de esperanças que os amparem no dia a dia. São preenchidos de
ídolos, mas lhes é roubado o coração, são levados a sonhar divertimentos
e prazeres, mas não lhes dá a chance de trabalhar, são iludidos com o
deus-dinheiro e privados das verdadeiras riquezas”.
Por
isso, mais do que nunca, Francisco lembrou a promessa de Jesus: «Não
vos deixarei órfãos». Somente através de Cristo a paternidade pode
realizar todas as suas potencialidades segundo o plano de Deus, nosso
Pai.
E
terminando, esclareceu que desta vez, abordou exclusivamente as
problemáticas derivadas da ausência da figura paterna; sendo um pouco
‘negativo’. Mas prometeu que na próxima quarta-feira, será analisada a
beleza de ser pai e da luminosidade desta condição. "Da escurdião de
hoje, passarei à luz"
No
final do encontro, Francisco saudou os grupos presentes, inclusive os
fiéis e pastores de Brasília, e concedeu a todos a sua bênção
apostólica.
Fonte: http://br.radiovaticana.va/
Foto: AP
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