Papa a diáconos: encontrar e acariciar a carne do Senhor nos pobres de hoje
“Disponíveis
na vida, mansos de coração e em diálogo constante com Jesus, não tereis
medo de ser servos de Cristo, de encontrar e acariciar a carne do
Senhor nos pobres de hoje.”
Com
essas palavras, na missa este domingo na Praça São Pedro, celebrando o
Jubileu dos diáconos permanentes, o Papa Francisco os exortou no
exercício de seu “ministério do serviço” na Igreja.
Provenientes
de todas as partes do mundo, eles vieram a Roma nestes dias para o seu
Jubileu, o “Jubileu dos diáconos permanentes” deste Ano Santo, e este
domingo participaram da missa presidida pelo Pontífice.
Partindo
do Evangelho dominical, Francisco havia iniciado a homilia destacando a
inseparabilidade dos termos “apóstolo” e “servo”:
“Os
dois termos, apóstolo e servo, andam juntos, e jamais podem ser
separados; são como que as duas faces duma mesma medalha: quem anuncia
Jesus é chamado a servir, e quem serve anuncia Jesus”, frisou o Papa.
Francisco observou que o primeiro a nos mostrar isto mesmo foi o Senhor: “não veio para ser servido, mas para servir” (Lc 4,18).
E
como Ele fez, assim são chamados a fazer os seus anunciadores. O
discípulo de Jesus não pode seguir um caminho diferente do Mestre, mas,
se quer levar o seu anúncio, deve imitá-Lo, como fez Paulo: almejar
tornar-se servo, prosseguiu o Santo Padre, acrescentando:
“Por
outras palavras, se evangelizar é a missão dada a cada cristão no
Batismo, servir é o estilo segundo o qual viver a missão, o único modo
de ser discípulo de Jesus. É sua testemunha quem faz como Ele: quem
serve os irmãos e as irmãs, sem se cansar de Cristo humilde, sem se
cansar da vida cristã que é vida de serviço.”
Após
perguntar por onde começar para nos tornarmos “servos bons e fiéis”,
Francisco indicou, como primeiro passo, que somos convidados a viver na
disponibilidade.
Diariamente,
frisou, “o servo aprende a desprender-se da tendência a dispor de tudo
para si e de dispor de si mesmo como quer. Treina-se, cada manhã, a dar a
vida, pensando que o dia não será dele, mas deverá ser vivido como um
dom de si”.
Quem
serve, observou, “não é um guardião cioso do seu tempo, antes renuncia a
ser senhor do seu próprio dia. Sabe que o tempo que vive não lhe
pertence, mas é um dom que recebe de Deus a fim de, por sua vez, o
oferecer: só assim produzirá verdadeiramente fruto”.
Reiterando a natureza do serviço cristão que deve caracterizar o ministério do diaconato, o Papa disse ainda:
“Quem
serve não é escravo de quanto estabelece a agenda, mas, dócil de
coração, está disponível para o não-programado: pronto para o irmão e
aberto ao imprevisto, que nunca falta sendo muitas vezes a surpresa
diária de Deus.” O servidor “está aberto à surpresa, às surpresas
diárias de Deus”, acrescentou.
“O
servo sabe abrir as portas do seu tempo e dos seus espaços a quem vive
ao seu redor e também a quem bate à porta fora do horário, à custa de
interromper algo que lhe agrada ou o merecido repouso.”
A
este ponto de sua reflexão sobre a disponibilidade no serviço,
Francisco fez uma observação pastoral muito pertinente à vida da Igreja
no dia a dia:
“O
servidor não dá importância aos horários. Fico com o coração doído
quando vejo horário – nas paróquias – de tal hora a tal hora. E depois
desse horário? Não tem porta aberta, não tem sacerdote, não tem diácono,
não tem leigo que receba as pessoas... Isso faz mal. É preciso não dar
importância aos horários: ter essa coragem de deixar os horários de
lado.”
Assim,
queridos diáconos, “vivendo na disponibilidade, o vosso serviço será
livre de qualquer interesse próprio e evangelicamente fecundo”,
completou o Pontífice.
Antes
de concluir sua reflexão, o Papa chamou a atenção dos diáconos,
afirmando que “a mansidão é uma das virtudes dos diáconos”. E aí fez uma
ulterior observação: “Quando o diácono é manso, é servidor e não se
presta a fazer as vezes dos padres, imitando-os, não, não,... é manso.”
Francisco lembrou que o estilo de Deus é “manso e humilde de coração”.
“Manso
e humilde são também os traços do serviço cristão, que é imitar Deus
servindo os outros: acolhendo-os com amor paciente, sem nos cansarmos de
os compreender, fazendo com que se sintam bem-vindos a casa, à
comunidade eclesial, onde o maior não é quem manda, mas quem serve (Lc
22, 26).” E jamais gritar com os outros: jamais, acrescentou. “Assim na
mansidão, queridos diáconos, amadurecerá a vossa vocação de ministros da
caridade”, ressaltou.
Ao
término da celebração, o Papa rezou a oração dominical do Angelus.
Antes, agradeceu a todos os diáconos presentes, oriundos de toda a
Itália e de vários países.
Recordou,
entre outros, a tradicional peregrinação realizada este domingo na
Polônia ao Santuário mariano de Piekary: “Que a Mãe da Misericórdia
auxilie as famílias no caminho rumo à Jornada Mundial da Juventude de
Cracóvia”, rezou o Pontífice, lembrando, ainda, outra importante
inciativa:
“Quarta-feira
próxima, 1º de junho, por ocasião do Dia Internacional da Criança, as
comunidades cristãs da Síria, quer católicas, quer ortodoxas, viverão
juntas uma oração especial pela paz, que terá como protagonistas
propriamente as crianças. As crianças sírias convidam as crianças do
mundo inteiro a se unirem à oração delas em favor da paz.”
Fonte: radiovaticana.br
Foto: Página Facebook Jubileu da Misericórdia
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