Vigília Pascal: Papa exorta à esperança cristã, dom de Deus
O Papa Francisco presidiu, na
noite deste Sábado Santo (26/03), na Basílica Vaticana, à celebração
Eucarística da solene Vigília pascal – mãe de todas as vigílias – com o
batismo de 12 catecúmenos (8 mulheres e 4 homens) provenientes da Itália,
Albânia, Camarões, Coreia do Sul, Índia e China.
Após a bênção e a preparação do
Círio pascal, o Papa proclamou solenemente a “Páscoa do Senhor”, com o canto do
Exultet. A seguir, pronunciou sua homilia, diante dos milhares de fiéis
presentes, partindo da “corrida de Pedro ao sepulcro de Jesus”. E perguntou:
“Quais os pensamentos que
poderiam passar pela mente e o coração de Pedro durante esta corrida? O
Evangelho nos diz que os Onze, inclusive Pedro, não acreditaram no testemunho
das mulheres, no seu anúncio pascal. Aliás, ‘aquelas palavras pareciam um
delírio’. Por isso, no coração de Pedro, reinava certa dúvida, acompanhada de
muitos pensamentos negativos: a tristeza pela morte do Mestre amado e a
decepção por tê-lo renegado três vezes durante a Paixão.”
Em caminho
Mas, um detalhe assinala a sua
transformação, disse o Pontífice: depois que ouviu as mulheres, sem acreditar
nelas, Pedro “pôs-se a caminho”. Não ficou parado pensando e nem fechado em
casa como os outros; não se deixou levar pela atmosfera fúnebre daqueles dias e
nem pelas dúvidas; não se deixou arrastar pelos remorsos, pelo medo e pelas
maledicências. Pelo contrário, foi procurar Jesus, preferindo seguir a ideia do
“encontro e da confiança”. Assim, pôs-se a caminho, correu ao sepulcro:
“Este foi o início da
‘ressurreição’ de Pedro, a ressurreição do seu coração. Sem ceder à tristeza
nem à escuridão, deu espaço à voz da esperança: deixou que a luz de Deus
entrasse no seu coração, sem a sufocar”.
Falta de esperança
Por sua vez, as mulheres, que
saíram de manhã cedo para fazer uma obra de misericórdia, ou seja, levar os perfumes
ao sepulcro, viveram a mesma experiência, apesar do seu temor, mas ficaram
aliviadas pelas palavras do anjo: «Porque buscais entre os mortos Aquele que
está vivo?» E o Papa advertiu:
“Também nós, como Pedro e as
mulheres, não podemos encontrar a vida, permanecendo tristes e sem esperança,
fechados em nós mesmos. Abramos ao Senhor os nossos sepulcros sigilados, para
que Jesus possa entrar e dar-nos a vida; Ele quer dar-nos a sua mão e nos tirar
da angústia. Nesta noite, devemos rolar a pedra do nosso sepulcro que é a
‘falta de esperança’. Que o Senhor nos livre desta terrível armadilha: a de ser
cristãos sem esperança, que vivem como se o Senhor não tivesse ressuscitado”.
Nossos problemas pessoais,
afirmou Francisco, sempre existirão. Nesta noite, devemos iluminá-los com a luz
do Ressuscitado, ou melhor, “evangelizá-los”. Não devemos deixar que a
escuridão e os nossos temores se apoderem do coração, mas escutemos a palavra
do Anjo: o “Senhor não está aqui; ele ressuscitou!”; ele é a nossa maior
alegria e está sempre ao nosso lado, sem nunca nos decepcionar. E o Santo Padre
acrescentou:
Esperança cristã
“Eis o fundamento da esperança,
que não é mero otimismo, nem uma atitude psicológica ou um bom convite a ter
coragem. A esperança cristã é um dom de Deus; ela não decepciona porque o
Espírito Santo foi infundido nos nossos corações. O Consolador infunde em nós a
verdadeira força da vida e a certeza que somos amados e perdoados por Cristo.
Hoje é a festa da nossa esperança!”
O Senhor está vivo e deve ser
procurado entre os vivos, sublinhou o Papa. Depois de o encontrar, somos
enviados por Ele a levar o anúncio da Páscoa, suscitando esperança nos corações
tristes; a anunciar o Ressuscitado com a vida, por meio do amor. Caso
contrário, seremos uma estrutura internacional, com um grande número de adeptos
e boas regras, mas incapazes de transmitir a esperança, da qual o mundo tem
tanta sede. O Pontífice então perguntou: “Como podemos alimentar a nossa
esperança?”. E respondeu com uma exortação:
“A Liturgia desta Noite nos dá um
bom conselho: ela nos ensina a recordar as obras de Deus. A Palavra viva de
Deus é capaz de nos envolver na sua história de amor, alimentando a esperança e
reavivando a alegria. Não nos esqueçamos da sua Palavra e das suas obras para
não perdermos a esperança”.
O Santo Padre concluiu sua
homilia convidando os fiéis a fazerem memória do Senhor, da sua bondade e das
suas palavras de vida, a fim de serem sentinelas da manhã, que sabem ler os
sinais da Ressurreição e abrir-se à esperança e ao caminho da luz com
confiança!
Fonte: http://br.radiovaticana.va
Foto: Reuters
Comentários
Postar um comentário