Angelus: desapego das falsas riquezas leva à vida verdadeira
No Angelus deste domingo (11/10),
inspirado no Evangelho de Marcos e nos “três olhares” de Jesus, o Papa
Francisco explicou a dualidade que não permitiu que o jovem rico seguisse o
Senhor.
“Aquele jovem, entretanto, tem o coração
dividido entre dois patrões: Deus e o dinheiro, e vai embora triste. Isso
demonstra que a fé e o apego às riquezas não podem conviver. Assim, ao final, o
ímpeto inicial do jovem se apaga na infelicidade de um seguimento que não
advém”.
E prosseguiu:
“Somente acolhendo com humilde
gratidão o amor do Senhor, nos liberamos das seduções dos ídolos e da cegueira
das nossas ilusões. O dinheiro, o prazer, o sucesso, deslumbram, mas depois desiludem:
prometem vida, mas trazem morte. O Senhor nos pede para nos desapegarmos destas
falsas riquezas para entrar na vida verdadeira, na vida plena, autêntica,
iluminada”, frisou o Pontífice.
“O jovem não se deixou conquistar
pelo olhar de amor de Jesus e, assim, não pôde mudar”, refletiu o Papa, ao
recordar que ele tinha um coração bom, e que “Fitando-o, Jesus o amou” apesar
do jovem não ter-se deixado envolver pelo olhar de ternura de Cristo.
Ao citar o “olhar pensativo e de
advertência de Jesus”, o Papa recordou o trecho em que Cristo afirma aos
discípulos: “Como é difícil a quem tem riquezas entrar no Reino de Deus!”
“Os discípulos, então, se
perguntam: ‘Quem pode ser salvo?’, Jesus responde com um olhar de encorajamento
– é o terceiro olhar – e diz: a salvação é, sim, ‘impossível aos homens, mas
não a Deus’. Se confiamos no Senhor, podemos superar todos os obstáculos que
nos impedem de segui-lo no caminho da fé”.
E, assim, chegamos ao terceiro
episódio, aquele da solene declaração de Jesus: “Em verdade vos digo: “quem
deixa tudo para me seguir terá a vida eterna no futuro e o cêntuplo já no
presente”.
“Este ‘cêntuplo’ – explicou o
Papa – é feito das coisas antes possuídas e depois abandonadas, mas que são
multiplicadas ao infinito. Priva-se dos bens e recebe-se em troca a satisfação
do verdadeiro bem; libera-se da escravidão das coisas e recebe-se a liberdade
do serviço por amor; renuncia-se à posse e ganha-se a alegria do dom”.
Por fim, improvisando, o Papa
lançou uma pergunta aos jovens presentes na Praça São Pedro:
“Vocês sentiram o olhar de Jesus
sobre vocês? O que vocês responderão a Ele? Preferem deixar esta praça com a
alegria que Jesus nos dá ou com a tristeza no coração que a mundanidade nos
oferece?
Abaixo, o texto da alocução do
Papa na íntegra:
*
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje, extraído do
capítulo 10 de Marcos, é articulado em três episódios, inspirados em três
olhares de Jesus.
O primeiro episódio apresenta o
encontro entre o Mestre e um tal que – de acordo com o trecho paralelo de
Mateus – é identificado como “jovem”. Este corre em direção a Jesus, ajoelha-se
e o chama de “Mestre bom”. Então, pergunta: “O que devo fazer para herdar a
vida eterna?”.
“Vida eterna não é somente a vida
do outro lado, mas é a vida plena, realizada, sem limites. O que devemos fazer
para alcança-la? A resposta de Jesus reassume os mandamentos que se referem ao
amor ao próximo. Sobre isso, aquele jovem não há nenhuma pendência; mas,
evidentemente, observar os preceitos não basta, não satisfaz seu desejo de
plenitude. E Jesus intui este desejo que o jovem traz no coração; por isso, a
sua resposta se traduz em um olhar intenso repleto de ternura e afeto:
“Fitando-o, Jesus o amou”. Mas Jesus entende também qual é o ponto fraco do seu
interlocutor, e lhe faz uma proposta concreta: dar todos os seus bens aos
pobres e segui-lo. Aquele jovem, entretanto, tem o coração dividido entre dois
patrões: Deus e o dinheiro, e vai embora triste. Isso demonstra que a fé e o
apego às riquezas não podem conviver. Assim, ao final, o ímpeto inicial do
jovem se apaga na infelicidade de um seguimento que não advém.
No segundo episódio o evangelista
enquadra os olhos de Jesus e, desta vez, trata-se de um olhar pensativo, de
aviso: “Então, Jesus, olhando em torno, disse a seus discípulos: “Como é
difícil a quem tem riquezas entrar no Reino de Deus!”. Diante do estupor dos discípulos,
que se perguntam: “Então, quem pode ser salvo?”, Jesus responde com um olhar de
encorajamento – é o terceiro olhar – e diz: a salvação é, sim, “impossível aos
homens, mas não a Deus”. Se confiamos no Senhor, podemos superar todos os
obstáculos que nos impedem de segui-lo no caminho da fé.
E, assim, chegamos ao terceiro
episódio, aquele da solene declaração de Jesus: “Em verdade vos digo: “que
deixa tudo para me seguir terá a vida eterna no futuro e o cêntuplo já no
presente”. Este “cêntuplo” é feito das coisas antes possuídas e depois
abandonadas, mas que são multiplicadas ao infinito. Priva-se dos bens e
recebe-se em troca a satisfação do verdadeiro bem; libera-se da escravidão das
coisas e recebe-se a liberdade do serviço por amor; renuncia-se à posse e
ganha-se a alegria do dom.
O jovem não se deixou conquistar
pelo olhar de amor de Jesus e, assim, não pôde mudar. Somente acolhendo com
humilde gratidão o amor do Senhor nos liberamos das seduções dos ídolos e da
cegueira das nossas ilusões. O dinheiro, o prazer, o sucesso, deslumbram, mas
depois desiludem: prometem vida, mas trazem morte. O Senhor nos pede para nos
desapegarmos destas falsas riquezas para entrar na vida verdadeira, na vida
plena, autêntica, iluminada.
E eu pergunto a vocês, jovens, meninos
e meninas, que estão agora na praça: Vocês sentiram o olhar de Jesus sobre
vocês? O que vocês responderão a Ele? Preferem deixar esta praça com a alegria
que Jesus nos dá ou com a tristeza no coração que a mundanidade nos oferece?
Que Nossa Senhora nos ajude a
abrir o nosso coração ao amor de Jesus, somente ele pode satisfazer nossa sede
de felicidade.
Papa expressa seu pesar após “ato
bárbaro” na Turquia
Em um telegrama endereçado neste
domingo (11/10) ao presidente turco Recep Erdoğan e assinado pelo Cardeal
Secretário de Estado Pietro Parolin, o Papa expressou seu pesar após o atentado
que matou 97 pessoas em Ankara, no sábado.
“Enquanto Sua Santidade deplora
este ato bárbaro, pede para expressar sua proximidade espiritual às famílias
das vítimas durante esse momento de pesar assim como àqueles que trabalham na
segurança e no atendimento aos feridos”.
Durante o Angelus, o Papa também
voltou a lamentar a tragédia:
"Ontem, recebemos com grande
dor a notícia da terrível chacina ocorrida em Ankara, Turquia. Dor pelos
numerosos mortos. Dor pelos feridos. Dor porque os terroristas feriram pessoas
desamparadas que realizavam uma manifestação pela paz. Enquanto rezo por aquele
país, peço ao Senhor que acolha as almas dos defuntos e que conforte os
sofredores e os familiares".
Entre 28 e 30 de novembro do ano
passado, o Papa esteve na Turquia onde encontrou o Presidente Erdoğan. Às
autoridades, em Ankara, Francisco fez uma exortação para a construção de uma
paz sólida no país.
"Para isso, é fundamental
que os cidadãos muçulmanos, judeus e cristãos – tanto nas disposições legais,
como na sua efetiva atuação – tenham os mesmos direitos e respeitem os mesmos
deveres. Assim, mais facilmente se reconhecerão como irmãos e companheiros de
viagem, afastando cada vez mais as incompreensões e favorecendo a colaboração e
o acordo. A liberdade religiosa e a liberdade de expressão, eficazmente
garantidas a todos, estimularão o florescimento da amizade, tornando-se um
sinal eloquente de paz".
Fonte: http://br.radiovaticana.va/
Foto: Reuters
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