Audiência: a fé restitui esperança às famílias em luto
Quarta-feira é dia de Audiência Geral
no Vaticano. Como de costume, o Papa fez seu ingresso na Praça S. Pedro de
papamóvel, para, assim, ter a oportunidade de saudar de perto os cerca de 25
mil fiéis oriundos de várias partes do mundo. Do Brasil, estavam presentes os
membros do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase e do
Instituto Dom Helder Câmara.
Já diante da Basílica, Francisco
deu sequência a seu ciclo de catequeses sobre
a família, falando desta vez sobre o luto – experiência que não poupa sequer um
núcleo familiar.
Pais em luto
A morte faz parte da vida, disse
o Papa, mas quando se dá na família, é muito difícil vê-la como algo natural.
Para os pais, perder o próprio filho é algo “desolador”, que contradiz a
natureza elementar das relações que dão sentido à própria família. Francisco
falou de sua experiência com os fiéis que participam da missa na Casa Santa
Marta quando alguns pais, ao falarem da morte do próprio filho, têm “o olhar
entristecido”.
“A morte toca e quando é um
filho, toca profundamente”, disse. A perda de um filho é como parar o tempo,
onde passado e futuro não se distinguem mais. Toda a família fica paralisada. O
mesmo acontece para o menor que fica órfão e, com sofrimento, se pergunta
quando voltará seu pai ou sua mãe.
Buraco negro
“Nesses casos, a morte é como um
buraco negro que se abre na vida das famílias e à qual não podemos dar qualquer
explicação.” E, às vezes, acaba-se por culpar ou negar Deus. “Eu os entendo”,
disse Francisco, porque se trata de uma grande dor.
Todavia, prosseguiu o Pontífice,
a morte física tem “cúmplices”, que são até piores do que ela, como o ódio, a
inveja, a soberba e a avareza. O pecado faz com que esta realidade seja ainda
mais dolorosa e injusta.
“Pensemos na absurda
‘normalidade’ com a qual, em certos momentos e lugares, os eventos que
acrescentam horror à morte são provocados pelo ódio e pela indiferença de
outros seres humanos. O Senhor nos liberte de nos acostumarmo-nos a isso!”
Não temer a morte
Jesus nos ensina a não temer a
morte, mas também a vivenciá-la de forma humana. Ele mesmo chorou e ficou turbado ao
compartilhar o luto de uma família querida. A esperança nasce das palavras de
Cristo à viúva que perdeu seu filho: “Jesus o restituiu à sua mãe”. “Esta é a
nossa esperança, que o Senhor nos restituirá todos os nossos caros”, disse o
Papa.
Se nos deixarmos amparar por esta
fé, a experiência do luto pode gerar uma solidariedade mais forte dos elos
familiares, uma nova fraternidade com as famílias que nascem e renascem na
esperança. Esta fé nos protege seja do niilismo, seja das falsas consolações
supersticiosas e nos confirma que a morte não tem a última palavra.
A cruz derrota a morte
Por isso, é necessário que os
pastores e todos os cristãos expressem de maneira mais concreta o sentido da fé
junto às famílias em luto. E nos inspirar naquelas famílias que encontraram
forças para perseverar na fé e no amor, testemunhando que o trabalho de amor de
Deus é mais forte que a morte. “E lembremo-nos daquele gesto de Jesus, quando
nos reencontraremos com os nossos caros e a morte será definitivamente
derrotada.”
Papa diz que nova Encíclica faz
parte da Doutrina Social da Igreja
No final da Audiência Geral, o
Papa recordou que nesta quinta-feira (18/06), será publicada a Encíclica
"Laudato si", sobre o cuidado da “casa comum”.
“Esta nossa ‘casa’ está sendo
arruinada e isso prejudica a todos, especialmente os mais pobres. Portanto, o
meu apelo é
à responsabilidade, com base na tarefa que Deus deu ao ser humano na criação:
'cultivar e preservar' o 'jardim' em que ele o colocou (cfr Gen 2,15). Convido
todos a acolher com ânimo aberto este Documento, que está em sintonia com a
Doutrina Social da Igreja.”
O Programa Brasileiro dedicará
suas edições de quinta-feira à publicação da Encíclica, com a cobertura da
coletiva de imprensa (às 11h locais) e reportagens especiais. O programa
semanal “Em Romaria” também será sobre a "Laudato si".
No site da Rádio Vaticano já
estão disponíveis aprofundamentos, como as chaves de leitura para o novo documento e entrevistas.
Francisco: peçamos perdão por
quem fecha as portas aos refugiados
O Papa manifestou solidariedade
aos inúmeros “irmãos e irmãs” que buscam refúgio longe de suas terras. Ao
recordar o Dia Mundial do Refugiado, no próximo sábado (20/06), promovido pelas
Nações Unidas, Francisco disse:
“Rezemos por tantos irmãos e
irmãos que buscam refúgio longe de sua terra, que buscam uma casa onde poder
viver sem temor, para que sejam sempre respeitados em sua dignidade. Encorajo a
obra de quem leva a eles um auxílio e faço votos de que a comunidade internacional
atue de maneira concorde e eficaz para prevenir as causas das migrações
forçadas. Convido todos a pedir perdão pelas pessoas e as instituições que
fecham as portas a essa gente que busca uma família, que busca proteção.”
Fonte: http://br.radiovaticana.va/
Foto: ANSA / Facebook Rádio
Vaticano
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