A oração de Francisco diante do Santo Sudário
Na manhã deste domingo o
Papa Francisco chegou a Turim, na sua sexta viagem pastoral em território
italiano. Após a chegada ao Aeroporto de Caselle, Francisco encontrou o mundo
do trabalho, seu primeiro compromisso oficial. Após, dirigiu-se à Catedral de
Turim, onde chegou por volta das 9h15, para um dos momentos mais esperados da
viagem, a oração diante do Sudário.
O Santo Padre deteve-se em
profunda oração silenciosa diante do Sudário por mais de 5
minutos. Após, aproximou-se da teca exposta atrás do altar, tocando o vidro que
protege o manto sagrado.
Em seguida, o Papa parou por
alguns instantes diante do túmulo do Beato Piergiorgio Frassati, proclamado por
João Paulo II como protetor da Jornada Mundial da Juventude. Na Catedral
estavam presentes autoridades religiosas, monjas de clausura e sacerdotes, além
de alguns parentes do Beato Frassati.
Ao final da visita, que durou
cerca de 20 minutos, o Pontífice dirigiu-se de Papamóvel até a Praça Vitório,
para a celebração da missa e a oração do Angelus com os milhares de fieis
que transformaram a cidade piemontesa em uma “grande basílica a céu aberto”.
Durante o trajeto, Bergoglio fez várias paradas, saudando doentes e crianças.
Anteriormente, o Papa Bento
XVI havia visitado o Santo Sudário em 2012, enquanto São João Paulo II o fez em
1998, quando o chamou de “ Espelho do Evangelho”, por ajudar a compreender e
meditar a Paixão de Jesus.
Homilia do Papa em Turim:
"A fidelidade em Jesus nos renova"
Após encontrar o mundo do
trabalho e rezar diante do Santo Sudário, o Papa Francisco dirigiu-se no
papamóvel até a Praça Vitório Vêneto, para junto com cinquenta mil fieis
e numerosos Bispos, Arcebispos, sacerdotes, religiosos e religiosas,
sobretudo Salesianos, celebrar a missa dominical num bonito domingo que marca o
início do verão.
Em sua homilia, o Papa partiu
da liturgia do dia, cujas leituras mostram como é grande o amor de Deus por nós:
é um amor fiel, um amor que recria tudo, um amor estável e seguro.
O Salmo nos convida a
agradecer ao Senhor, porque “é eterno o seu amor”. Eis um verdadeiro exemplo de
amor fiel, de fidelidade. Trata-se, disse o Pontífice, de um amor que não
delude, que nunca falta:
”Jesus encarna este amor e
dele é Testemunha. Ele jamais se cansa de querer-nos bem, de suportar-nos, de
perdoar-nos e, assim, nos acompanha no caminho da vida, segundo a promessa que
fez aos discípulos: “Eu estarei convosco todos os dias, até fim do mundo”. Por
amor, ele se fez homem; por amor, ele morreu e ressuscitou e, por amor, ele
sempre está ao nosso lado, nos momentos mais bonitos e naqueles mais difíceis”.
Jesus, frisou o Papa, nos ama
sempre, até o fim, sem limites e sem medida. Ele ama a todos. A fidelidade de
Jesus não se rende, nem mesmo diante da nossa infidelidade. Jesus permanece
fiel, mesmo quando erramos e nos espera para nos perdoar: Ele é o rosto do Pai
misericordioso. Eis o amor fiel!
A seguir, o Santo Padre
ressaltou um segundo aspecto da Liturgia de hoje: o amor de Deus recria tudo,
ou seja, renova todas as coisas. Reconhecer as próprias limitações, as próprias
fraquezas, é a porta que abre ao perdão de Jesus, ao seu amor, que nos renova
em profundidade e nos recria. E ponderou:
“A salvação pode entrar no
coração se nos abrirmos à verdade e reconhecermos os nossos erros, os nossos
pecados; desta forma, fazemos uma bela experiência daquele que veio, não para
os sãos, mas para os enfermos; não para os justos, mas para os pecadores;
experimentamos a sua paciência, a sua ternura, o seu desejo de salvar a todos”.
E o Pontífice perguntou: Mas,
qual é o seu sinal? E respondeu: “O sinal é que somos “renovados” e
transformados pelo amor de Deus; fomos despojados das vestes deterioradas e
velhas dos rancores e das inimizades, para sermos revestidos da túnica limpa da
mansidão, da benevolência, do serviço aos outros, da paz no coração, daquela
própria dos filhos de Deus.
O espírito do mundo, recordou
o Papa, está sempre à busca de novidade, mas somente a fidelidade de Jesus é
capaz da verdadeira novidade: tornar-nos homens novos.
Portanto, o amor de Deus é
estável e seguro. O Senhor vai ao encontro do homem e lhe oferece a rocha do
seu amor, à qual cada um pode ancorar, na certeza de não sucumbir. Quantas
vezes pensamos que não iríamos conseguir! Ele está ao nosso lado, com a mão
estendida e o coração aberto. Neste sentido, o Bispo de Roma levantou uma série
de questões em relação ao nosso amor para com Deus e considerou:
“Também nós, cristãos,
corremos o risco de deixar-nos paralisar pelo medo do futuro, buscando a
certeza em coisas que passam ou em modelos de uma sociedade obtusa, que tende
mais a excluir, que incluir. Nesta terra, cresceram tantos Santos e Beatos, que
acolheram o amor de Deus e o difundiram pelo mundo: santos livres e
obstinados”!
Nas pegadas dessas
testemunhas, aconselhou o Pontífice, também nós podemos compartilhar as
dificuldades de tanta gente, das famílias, especialmente daquelas mais frágeis
e sofridas pela crise econômica. As famílias precisam sentir o carinho materno
da Igreja para prosseguir na vida conjugal, na educação dos filhos, no cuidados
dos idosos, como também na transmissão da fé às jovens gerações.
Por fim, após fazer um exame
de consciência de como vivemos a novidade, o Santo Padre pediu ao Espírito
Santo nos ajude a sermos sempre conscientes deste amor “rochoso”, que nos torna
capazes de não nos fechar, diante das dificuldades, mas de enfrentar a vida com
coragem e encarar o futuro com esperança.
Como outrora, no Lago da
Galileia, também hoje, no mar da nossa existência, Jesus é aquele que vence as
forças do mal e as ameaças do desespero. Ele dá a sua paz a todos, sobretudo
aos tantos irmãos e irmãs que fogem das guerras e das perseguições em busca de
paz e liberdade.
Após a solene concelebração
Eucarística, na Praça Vitório Vêneto, no centro de Turim, o Papa Francisco
passou à oração do Angelus, antes da qual pronunciou sua alocução dominical.
O seu pensamento se dirigiu,
antes de tudo, à Virgem Maria, Mãe amorosa e zelosa para com todos os seus
filhos, que Jesus os confiou a Ela, da Cruz, ao se oferecer com um grande gesto
de amor. O ícone deste amor é o Sudário, disse o Papa, que continua a atrair
tanta gente aqui para Turim:
“O Sudário atrai pelo rosto e
o corpo martirizado de Jesus, mas, ao mesmo tempo, conduz ao rosto de cada
pessoa sofredora e perseguida injustamente. Ele nos conduz para a mesma direção
do dom de amor de Jesus: “Caritas Christi urget nos” – o Amor de Cristo nos
interpela!
Esta palavra de São Paulo se
tornou o lema de São José Benedito Cotolengo”.
Evocando o ardor apostólico de
tantos sacerdotes santos desta terra, partindo de Dom Bosco, do qual recordamos
o bicentenário de nascimento, o Pontífice cumprimentou, com gratidão, os
sacerdotes e os religiosos presentes, e os admoestou:
“Vocês se dedicam, com afinco,
ao trabalho pastoral e estão ao lado das pessoas e dos seus problemas.
Encorajo-os, pois, a continuar, com alegria, seu ministério, visando sempre o
essencial no anúncio do Evangelho. Agradeço também a presença dos irmãos Bispos
do Piemonte e os exorto a permanecer sempre ao lado dos seus sacerdotes, com
carinho paternal e calorosa proximidade”.
O Bispo de Roma concluiu sua
alocução mariana, consagrando, à Virgem Santa, a cidade de Turim, o seu
território e os que nele habitam, para que possam viver na justiça, na paz e na
fraternidade. A Ela consagrou, de modo particular, as famílias, os jovens, os
idosos, os prisioneiros e todos os sofredores, com especial atenção aos doentes
de leucemia!
Ao término da celebração
Eucarística, o Pontífice se deslocou para o Arcebispado. No caminho, foi
cumprimentado por uma grupo de cadetes da Escola de Formação Militar.
No arcebispado, Francisco
almoça com um grupo de jovens presidiários, do Cárcere de Menores de Turim,
como também com alguns imigrantes, sem teto e uma família de Ciganos.
Fonte: http://br.radiovaticana.va
Fotos: CTV
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